"Essas que levaram chibatadas e marcas de ferro quente e as que se revoltaram e fundaram quilombos,
Essas que geraram filhas e filhos e as que nunca pariram,
Essas que acenderam todas as espécies de velas e as que arderam nas fogueiras, essas que lutaram com armas e as que combateram sem elas,
Essas que escreveram e traduziram seus sentimentos e as que nem mesmo assinavam o nome,
Essas que clamaram por conhecimento e escolas e as que derrubaram os muros com os dedos,
Essas que trabalharam nos escritórios e fábricas e as que empunharam as enxadas nos campos,
Essas que ocuparam ruas e praças e as que ficaram em casa,
Essas que quiseram se tornar cidadãs e as que imaginaram todas votando,
Essas que assumiram os lugares até então proibidos e as que elegeram as outras,
Essas que alimentaram e aplacaram os vários tipos de fome e aquelas que arrumaram a mesa,
Essas que se doutouraram e ensinaram e as que aprenderam com a vida,
Essas que nadaram, correram e pularam e as que sustentaram a partida,
Essas que ficaram de fora e aquelas que ainda virão,
Essas e tantas outras que existiram dentro da gente
E as que viveram por nós."
(Trechos extraídos do poema de Fernando Pompeu/Érico Vital Brazil/Schuma Schumaher, publicado na bela obra de homenagem à mulher brasileira Dicionário Mulheres do Brasil, de Jorge Zahar Editor)
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